Nós, os seres humanos, somos dotados de todos os predicados que a natureza legou aos animais do universo. Sentimos o frio, o calor o amor de nossos semelhantes. Percebemos a ternura dos corações, a multicolorida aura das almas, o ardor das paixões, o calor do suave abraço. Sentimos a paixão do amor intenso e sempre percebemos a suave brisa do amor que desejamos que seja eterno.
No nosso caminhar pelas dunas da vida enfrentamos as intempéries escaldantes dos embates pela sobrevivência onde buscamos diuturnamente realizar novas conquistas Tudo pelo nosso bem-estar, tudo para a melhoria das conquistas de nossos filhos e das gerações que nos sucederão.
Assim somos nós, os seres humanos, e assim é que nos diferenciamos das demais espécies que habitam o universo. Diferenciamo-nos porque temos corações que deixam de ser a mera bomba que irriga todo um corpo humano mas sim, acima do ato de bombear sangue regenerado, nossos corações emitem os sentimentos da dor, da saudade, da paixão imensa e do amor eterno.
Hoje, dia trinta e um de agosto, meu coração está muito apertado, está condoído, está sufocado. Hoje estou realmente sentindo o que significa a suave brisa do amor que desejamos que seja eterno. Hoje sinto a aura de minha alma apequenando-se, sinto a ternura do meu coração agigantando-se, sinto a ausência do melhor calor que já tive e o mais suave abraço que nunca mais terei. Sinto-te minha querida Carolina com a aura fulgurante, á distante a olhar-me e dizer-me – vai meu amor, segue tua vida porque eu estarei ao teu lado para proteger-te, para dirigir teus caminhos, para mostrar que a felicidade ainda existe, apesar de tudo.
Sinto-te minha amada a relembrar-me de quão maravilhosos foram os nossos dias trinta e um de Agosto. Sabe querida, lembro-me até hoje de nosso primeiro trinta e um de Agosto. Foi no ano de 1969. Juntos, eu e você, acompanhados do seu Avelino e da dona Zezé tomamos de “nosso potente” fusca – ano 1965 – motor 1200 ou sei lá – seis volts ou sei lá – juntos o lavamos, encerramos, pneus calibrados, tanque cheio, o frango com farofa no farnel, a gasosa de framboesa na garrafa de vidro e de Fraiburgo alçamos voo para a cidade de Chapecó em plena estrada de chão. Desastre total, nunca sofremos tanto, dois pneus furados, à beira da estrada ficamos pedindo carona, chegamos ao destino só a noite. Assim mesmo festejamos teu aniversário, querida. Nós com vinte e quatro anos de idade.
Quantos trinta e um de agosto passamos juntinhos no aconchego de nossas casinhas. Primeiro na nossa primeira casinha na atual Avenida Campos Novos – um quarto - um banheiro – uma sala – aí nasceram nossos filhos. Ahhh como era bom. Eu levantava cedo e fazia um café para você e levava com aquela nossa bandeja de madeira. Você ficava envergonhada porque era sempre você quem levava o café na cama, lembra? No dia trinta e um de Agosto dei-te quarenta e quatro presentes de aniversário. Comemoramos de todas as maneiras possíveis em casa, com churrascos, com amigos, com surpresas, com grandes festas, só nós dois.
Lembra-te querida que nos últimos tempos sempre viajávamos nos dias do teu aniversário. Você não se sentia mais bem comemorar teu aniversário com os amigos porque você nesse dia sentia-se muito mal pela ausência do nosso Marcelão, você queria comemorar sozinha, com a Flávinha, com o Fernando, com o Fredy.
Querida, lembro-me muito bem da maior de todas a emoções do teu aniversário quando o Fernando estudava na Universidade da Ulbra na cidade de Canoas – RS. Você o visitava constantemente e numa dessas eu sei que você fez propositadamente para passar o teu aniversário lá com o Fernando. Eu não poderia passar esse único aniversário longe de ti.
Com um casal amigo nosso, ele já foi Promotor de Justiça em Fraiburgo, da cidade de Novo Hamburgo, juntos acertamos que eles te levariam ao melhor restaurante da cidade de Porto Alegre para comemorar o teu aniversário, já que eu não estaria presente.
Ledo engano, não é querida? Naquele dia fui a Curitiba, de lá para Porto Alegre e na noite engalanada encomendei as mais lindas rosas de Porto Alegre, uma comitiva, ao som de belas músicas entrou no restaurante, entregaram-te as flores e você caiu aos prantos porque eu não estava lá, no entanto, eu estava.
Logo que você cessou teu pranto eu entrei, com o melhor terno, a mais linda gravata, o mais suave perfume e juntos choramos copiosamente e eu disse “feliz aniversário meu amor” e você era a mais linda aniversariante. Hoje, novamente meu amor, feliz aniversário.
Hoje é o segundo aniversário sem a tua presença.
publicado no jornal DIÁRIO DE FRAIBURGO - ano I nº 89 - 31.08.2011.