terça-feira, 6 de novembro de 2012

PRAÇAS PÚBLICAS – Será que sou um sonhador idiota?


Nós, seres humanos, nos dizemos diferenciados dos animais por sermos dotados de inteligência e livre arbítrio, embora persistam em mim sérias restrições no tocante a tal premissa quanto a inteligência. Nas experiências que tenho acumulado no andar dos meus anos, tenho presenciado magnificas lições da inteligência pura em pequenos animais que afagam nossas carências, acariciam nossos males espirituais e respondem nossas agressões com um amor puro e que nada exige em retribuição. Nós nos arvoramos como detentores de inteligência, no entanto agredimos a natureza, destruímos patrimônios, por outro lado os animais, esses “seres irracionais” afagam nosso amor de forma incondicional, amainam nossas dores na alma com o seu suave lambear em nossas faces. Onde está a real inteligência? Com certeza nesses mesmos “seres irracionais” e não nos seres humanos ao expor suas mazelas, suas “desinteligências” e suas hipócritas racionalidades.
Estou simplesmente indignado com certos atos de administrações públicas que realizam “in concreto” a “desconstrução” de patrimônio de relevante valor natural e mesmo histórico de nossas cidades. O exemplo maior, mais degradante e mais dolorido é o caso da maravilhosa praça pública que ornava a cidade de Iomerê.  Digo a praça que ornava, no entanto, esse qualificativo é imensamente pobre para aquilo que eu sempre considerava como o exemplo de praça para um pais que desejasse a felicidade dos seus habitantes, um exemplo para uma cidade que quisesse plantar a harmonia da natureza com o homem, um exemplo da beleza máxima do simples e lindo, do simples e harmonioso, do simples e da paz.
A praça central de Iomerê (minha querida cidade natal) sempre me inspirava felicidade quando por ela eu passava. O magnifico tapete de suas sempre verde gramíneas, suas árvores simples, os pássaros despreocupadamente aí encontrando seus abrigos. Esse ambiente bucólico e maravilhosamente silente completava a imagem de uma das poucas maravilhas que em nossos tempos não mais vemos em nossas cidades. Iomerê conservava sua essência, que era o de transmitir tranquilidade transcendental. Em Iomerê eu ouvia o suave murmúrio do silencio porque a harmonia da natureza assim permitia, harmonia essa capitaneada por aquela praça maravilhosamente simples que aí estava para nos inspirar o sabor da natureza aliado aos pássaros que  pairavam no ar ao predomínio do verdejante e do silencio, todos cantando aos nossos ouvidos.
Onde está aquela praça da minha meninice de outrora, aquela praça que era o orgulho do meu nono Anibal Pelle e da minha nona Maria? Onde está aquela praça que fazia o mais belo retrato de uma comunidade feliz, com uma igreja linda e uma praça suavemente mais linda ainda?
Infelizmente, decisões desastradas transformaram aquele monumento natural, que inspirava paz e tranquilidade somente pelo ato de contempla-la, em mais um local de concreto armado repleto de modernidades que afrontam a natureza daquele local. Adeus minha praça linda, mais uma que foi destruída pela sanha da “desinteligência” do ser que se diz inteligente. Adeus minha praça maravilhosa e orgulho de seus ancestrais, agora você é simplesmente mais um centro esportivo, ou, sei lá o quê. Se a inteligência dos responsáveis por essa desastrada obra buscasse o mínimo de sensatez, perceberiam que a não muitos metros desse mesmo local poder-se-ia construir a mesma obra. Meus pêsames, senhores administradores, vocês conseguiram destruir a praça mais linda de todas que existem nas cidades da região. 
O mesmo exemplo temos em Fraiburgo. Duas pequenas praças onde o verde era a predominância, e que inspiravam o frescor da natureza, também de uma forma absolutamente “desinteligente”, foram devoradas pela sanha de mostrar  “obras novas”.  
A praça Gabriel Evrard, outrora com árvores gigantescas intermeadas pela verdejante vegetação, no centro da cidade, dava uma leve demonstração da natureza junto as pessoas. A praça do colono, exatamente em frente a Gabriel Evrard, também aí estava com suas frondosas árvores e seu verdejante tapete de gramas, seus bancos à sombra para amainar o cansaço dos transeuntes. Onde estão essas áreas de lazer? Foram transformadas em concreto armado. A primeira literalmente no mais absoluto sentido do concreto armado, abandonada, sem uso e, somente agora, encontrada uma utilização pela policia militar. A Outra transformada, dizem, em um local para comercialização de produtos agrícolas. Desculpem-me mas será para quanto agricultores? Pouquíssimos. Pergunto será que somos idiotas por não entendermos a necessidade da substituição de belas praças verdejantes em obras de concreto armado? Não existiam outros lugares a pouca distância para a construção disso tudo? Certamente que sim. E o centro poliesportivo Sebastião Andrade dos Santos! AHH esse é o desastre maior ainda. Acabaram com a única possibilidade da mais linda praça de Fraiburgo.

publicado no jornal O CATARINENSE - ano XII - nº 597 - 02/11/2012.

5 comentários:

Dirce disse...

Maravilhoso o que o senhor escreveu. Eu tenho dito com outras palavras a mesma coisa. Também sou de lá, aliás, do interior - da Linha Bridi e ir aos domingos à missa e brincar na praça foi assim algo que hoje meus sentidos não conseguem substituir por nada. Também disse que o que torna Iomerê maravilhosa é não ser moderna, por isso não tinha sentido destruir a "nossa" para construir uma praça moderna. Que a fizessem ao lado, terra é o mais tem por lá.
Enfim, adorei ler, aliás vou acompanhar seu blog. Achei isso numa postagem do facebook.
Muito obrigada
Abraço fraternal.
Dirce Perin

Flávio Martins disse...

Querida Dirce.
Que bom que você pensa assim. Comungo em gênero, número e grau com tuas afirmações. Falando em Linha Bridi, quero dizer que participei de inúmeras festas de N.S. Aparecida daquela Comunidade. Inclusive tenho uma história linda de N.S. Aparecida que me aconteceu numa das festas e um dia vou escrever sobre o assunto.
A familia Pelle, daq
uela Comunidade são meus parentes por parte materna, uma vez que minha mãe era Pelle, filha do Anibal Pelle, que foi barbeiro e alfaiate de Iomerê.
Um abraço querida.

Anônimo disse...

bobagem!

Anônimo disse...

Sentimento por árvores que não existe. Bobagem mesmo.

Anônimo disse...

pura picuinha politica...