sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ao meu filho, com amor .......

Meu querido filho, hoje completa seis anos que você foi para Deus. Sei meu filho querido, que o tempo ainda é o melhor lenitivo para as dores da alma. Sei que as feridas da nossa separação serão curadas paulatinamente com o passar dos tempos porque o remédio único é a doce lembrança dos tempos da tua presença entre nós. Sabe, às vezes eu fico a pensar comigo mesmo, será que aqui na terra também existe a eternidade? Eu sempre pensei e sempre aprendi que o tempo, ante a eternidade, é um simples risco de percepção, é um minúsculo grão ante a imensidão do deserto, é uma simples gota ante o gigantismo dos mares. Ocorre, meu filho, que estou chegando a conclusão que a eternidade também existe em nossos corações amargurados. Acho meu filho, que a dor da alma também dura uma eternidade porque a dor da tua separação ainda está muito presente.
Ontem, quando eu chorava numa mesa de encontro com amigos, um amigo e irmão meu dizia-me que a “saudade é o amor que fica”. Se assim for a verdade, meu filho querido, então eu tenho muito amor com você porque essa dor da tua separação ainda é muito forte, provoca-me muito choro, muita angústia e só duas coisas têm aliviado. Uma - quando muito rezo por você e outra - quando compareço ante o cemitério e fico a contemplar a tua foto e da tua querida mãe.
Hoje são seis anos e dentro de três dias serão oito meses que a tua mãe resolveu ser a tua companhia. Sabe, meu filho amado, eu sinto muito a dor dessa separação, no entanto, constantemente dou graças ao nosso Deus por ter dado só para mim e para os meus, dois anjos tão queridos. Quem tem a graça de ter dois anjos olhando para mim e para os nossos filhos e parentes com os nomes de Flávio Marcelo e de Carolina Antônia? Eu tenho esses anjos exclusivos. Os meus têm esses anjos exclusivos. Esse fato muito me conforta porque eu tenho por quem rezar, porque sempre rezo por alguém que muito viveu comigo, rezo por alguém que saiu das minhas entranhas, por alguém que muito fiz ninar em meus braços, por alguém que protegi nos primeiros passos e por alguém que muito vibrei nas suas vitórias, que é você, meu anjo preferido.
Agradeço sempre a Deus por ter só para mim um anjo chamado Carolina Antônia, um anjo que comigo conviveu por quase quarenta e três anos, um anjo que comigo chorou, comigo teve felicidade, comigo vibrou nas vitórias. Um anjo que comigo dividiu uma mesa, compartilhou de um leito e comigo dividiu um ombro onde chorar. Isso tudo ainda muito me consola, meu filho querido.
Hoje meu filho, aqui estou eu dividindo a minha casa com a minha solidão, compartilhando as minhas coisas com a minha dor. Você não imagina meu filho, como é difícil compartilhar a dor, como é difícil conviver com a solidão. Os amigos são muitos, graças a Deus, as muitas pessoas que comigo convivem em muito me ajudam a passar os dias, no entanto nas minhas horas reclusas a dor da separação de vocês dois me toma de assalto e somente o choro convulsivo tem lavado a amargura da imensa saudade que sinto de você, meu filho e de tua mãe.
Óhh meu Deus, dou-vos graças por ter dado a mim como um dos filhos um cara chamado aqui na terra como Flávio Marcelo. Dou-vos eternas graças por ter-me dado como esposa o anjo que se foi aqui da terra para ser o meu anjo no céu, que foi a Carolina. Obrigado meu Deus. Peço-vos que eles encontrem o caminho da Luz porque aqui na terra eles muito fizeram por merecer. Aqui eles muito evoluíram aqui eles tiraram a dor de muitos que a eles recorreram. Muito obrigado, meu Deus, por me conceder forças para suportar a dor dessa separação como lenitivo para minha alma.
Peço-vos ainda Meu Deus que olheis sempre para os meus outros filhos, porque eles também têm dois anjos especiais, para que eles possam suportar essa mesma dor e levar a cruz deles com muita resignação porque o peso dela é menor que a força que possuem em suas almas e em seus corações. Deus seja sempre louvado e fiquem na paz do Senhor meus filhos.
Flávio José Martins – em Fraiburgo – SC em 12/Fevereiro/2011.

publicado no jornal O CATARINENSE - ano XI - nº 511 - 18.03.2011.