O mundo moderno diferencia-se do mundo dos nossos ancestrais em face da própria evolução do homem em sua condição gregária e social.
Outrora os costumes eram outros, no entanto, na área do lazer e da descontração, entendo que o Brasil rompeu barreiras impensadas nos tempos de outrora. O Carnaval do Rio de Janeiro é algo realmente singular cuja modernidade transparece por entre os poros do povo carioca, de uma maneira toda especial. Lá a nudez realmente é o símbolo da beleza.
O maior espetáculo da terra, segundo a legião de profissionais no campo do entretenimento quando em linguagem bem poliglota, tentam vender a grandiosidade daquele espetáculo ímpar, é algo realmente deslumbrante, magnífico, suntuoso e moderno.
Novamente estive presente a esse espetáculo que toda a vez que dele participo, no seu templo maior – A Marquês do Sapucaí – simplesmente fico extasiado pela grandiosidade, inexplicável beleza, sonoridade ímpar e exemplo de organização que aquele espetáculo é apresentado ao mundo.
Trata-se de um palco com capacidade para setenta e duas mil pessoas como assistentes onde os sonhos são apresentados sob forma de beleza, sensualidade e forte apelo profissional. O Carnaval no Rio de Janeiro é algo realmente muito sério e tratado com extremo profissionalismo, daí resultando um espetáculo voltado para o mundo porque jamais vi tantos povos convivendo com aquele povo maravilhoso que é o carioca. Nunca vi tantas pessoas das mais diversas etnias, nunca ouvi tantas línguas sendo faladas ao mesmo tempo ao meu derredor, nunca vi rostos tão estranhos, tantos rostos tão lindos, tantos rostos mais feios, no entanto também nunca vi tantas pessoas tão parecidas entre si, porque a indumentária padrão na quente Rio de Janeiro nada mais é que um short, uma camiseta, um calça bem leve.
O povo carioca realmente é a imagem de um Brasil que o mundo inteiro gosta. O carioca é um povo com um sorriso maroto nas faces, com um sotaque de uma sonoridade fascinante, com o andar de uma malemolência apaixonante e, acima de tudo, um povo que, de uma forma descomplicada, a todos apaixona.
Sempre que eu falava com um carioca tinha a cristalina impressão que, de há muito o conhecia. Como deve ser bom ser carioca.
Naquela terra realmente o Cristo faz morada entre os bons de coração e os que tem o bem como uma missão nossa na terra. No Rio de Janeiro até a favela é bonita. Bandidos existem sim, como também existem bandidos em todas as grandes cidades do mundo e, de modo todo particular, onde a desigualdade ainda é muito latente e o Rio de Janeiro é a própria imagem dessas desigualdades. Lá residem as maiores fortunas do Brasil, mas lá também residem as maiores misérias dessa terra de Santa Cruz.
Passei por entre muitas favelas de forma deliberada para ver a realidade por esse lado mais sujo da vida. Lá vi o ótimo trabalho que está sendo feito com a pacificação de muitas favelas. Lá vi um povo simples como qualquer outra cidade. Lá vi senhoras dando o duro para levar o alimento para suas casas. Lá vi crianças desnudas perambulando por entre vielas, umas felizes, outras tristes, umas limpas e asseadas, outras menos. Na maioria delas, nas palavras do nosso guia, até não muito tempo, era impensável por lá transitar. Hoje todos aqueles moradores periféricos respiram o ar da liberdade. Sim o ar da liberdade porque os maiores prisioneiros da bandidagem são os próprios moradores das suas comunidade.
A Marques do Sapucaí é o lado “vip” do Carnaval carioca transmitido para a diversão e deslumbramento do mundo, no entanto esse glamour todo é feito por esse mesmo povo simples do Rio e a prova maior que o povo humilde também gosta muito da sofisticação, da beleza e do esplendor.
O estar na Marques do Sapucaí, de modo especial nas frisas, onde estive, é algo simplesmente de uma beleza inimaginável, onde o som, luzes, luxo e beleza fazem o deslumbramento dos presentes.
Que bom seria se cada brasileiro um dia pudesse ver “in loco” esse que, também para mim, é o maior espetáculo da terra.
publicado no jornal O CATARINENSE - ano XIII - nº 612 - 22/02/2013.
publicado no jornal O CATARINENSE - ano XIII - nº 612 - 22/02/2013.