domingo, 17 de abril de 2011

DIRCEU ROMANO PANIZ – uma vida como exemplo ....

Participava eu de uma aula em curso de pós-graduação - Gestão e Direito Ambiental - em Florianópolis, e um professor, com Doutorado no Mercado Comum Europeu, longa experiência na arte de bem ministrar ensinamentos aliando o objetivo de transmitir cultura e, ao mesmo tempo, cativar a atenção dos pós-graduandos, apresentou esquete extremamente ilustrativo, lindo e com o poder de nos levar a pensar sobre a vida e a nossa pequenez ante a engrenagem do universo.
Trata-se de uma imagem partida de um local qualquer, de uma cidade qualquer, semelhante às que vemos nos nossos GPSs para localizarmos determinados endereços por imagem de satélite. A partir desse local a imagem amplia-se e distancia-se rapidamente, saindo do ponto visível para uma visão sempre mais distanciada, aparecendo montanhas, cidades, Brasil, globo terrestre, estrelas, distanciando-se cada vez mais, mais rápido, mais abrangente. Visão do espaço sideral, das estrelas, das galáxias ..... do universo em sua plenitude. Muito rapidamente, percebemos que a grandiosidade do nosso universo vai nos apequenando, mais e mais... Desaparecemos em meio às galáxias e ao final vemos um minúsculo ponto, somente detectado sob o auxílio de potentes lupas, que é o nosso mundo e dentro desse mundo imaginamo-nos com integrantes dessa maravilha que é o universo.
Fiquei eu pasmo, boquiaberto e assustado comigo mesmo ao ver o quanto é a minha pequenez, a minha insignificância ante a magnificência da obra de Deus.
Nós, seres humanos somo tão soberbos que nos imaginamos como o “rei do universo” como a criatura que tudo pode, tudo faz e tudo determina. Pobre ignorância, inútil empáfia, vil soberba.
O nosso meio nos molda soberbos, humildes, poderosos, insignificantes, simples ou ignorantes.
É no nosso meio que somos moldados para a vida, portanto, devemos sempre deixar de culpar as escolas, os nossos ambientes de trabalho, os nossos superiores pelos nossos defeitos porque esses são o resultado daquilo que moldamos para nós mesmos.
Pelo meu andar na vida, tenho visto pessoas tomadas pela soberba e pessoas que dão os maiores exemplos de vida simples, dignas e deixam seus espíritos totalmente desalinhados das veleidades da vida, da pequenez dos modismos e do fazer ou deixar de fazer em função do que pensam de nós
Tenho um grande amigo (sim, tenho, porque a sua morte não anula o nosso sentimento de bem querer) que foi cumprir sua missão na eternidade e aqui foi o retrato fiel da simplicidade personificada, anjo esse chamado DIRCEU ROMANO PANIZ.
Meu amigo Dirceu, obrigado por teres permitido que eu fosse teu amigo aqui na terra, obrigado por você ter participado de nossas vidas, dos meus amigos, dos teus familiares e do universo que te conheceu. Meu amigo querido, incontáveis a vezes que tenho meditado sobre você, analisado a peculiaridade que foi a tua vida como exemplo, como transformador das dificuldades em coisas simples. Sim, transformar as dificuldades em coisas simples, minúsculas ante os nossos olhos, acostumados a transformar a coisa simples em algo difícil, inatingível, impossível.
Você Dirceu foi o contrário daquilo que achamos difícil. Como foram bons os momentos que juntos brincamos, rimos, choramos. Sim momentos que juntos choramos porque eu o vi chorando muitas vezes quando falavas dos teus, quando vias a miséria alheia explorada por aqueles que deveriam ser os lenitivos dos aflitos. Eu o vi chorando quando falávamos das tuas doenças e da minha amada Carolina, aliás, inúmeras foram as vezes que falavas com emoção da guerreira que eu mais amei.
O Dirceu era a simplicidade personificada. No alto da sua doença falava claramente e ao bom som que não tinha medo da morte. Encarava a morte como uma realidade que iria acontecer na sua vida num tempo não muito distante. Dirceu trabalhou até os últimos dias da sua vida com a força daqueles que vivem eternamente. Até os últimos dias de sua vida planejava ampliação para sua empresa, sonhava com sua família unida, sonhava com sua neta, planejava um futuro lindo para o rebento da sua filha. Dirceu sonhava acordado mas com os pés plantados no chão. Seu olhar era fixo para o futuro, enxergava distante, alem das montanhas das dificuldades do momento, além das negras nuvens dos pessimistas. Digo-vos, cultos leitores, pouca gente conheci tão francos como o foi o amigo Dirceu. Tão franco era, que às vezes tornava-se grotesco porque as verdades brotavam do seu linguajar com a facilidade das crianças inocentes que sempre expressam a verdade. Dirceu dizia a verdade de forma espontânea, muitas vezes deixando boquiabertas as pessoas não afeitas a isso ou acostumadas a somente pensar a verdade sem a coragem de dize-las.  Dirceu fazia questão absoluta de ser simples, de hábitos simples e orgulhava-se de sua simplicidade, no entanto transitava com plena desenvoltura nos meios mais sofisticados. Sim Dirceu nos deu a riqueza do exemplo de homem honesto, mostrando que a simplicidade é a virtude dos grandes homens. Dirceu vá ser a luz, siga o caminho dos justos porque esse foi o teu caminho aqui na terra.

publicado no jornal O CATARINENSE - ano XI - nº 517 - 29.04.2011.

ESTÁ MAL, MUITO MAL ....

Como já tratamos em outras oportunidades, no Brasil vivemos num Estado democrático onde a liberdade é o pressuposto fundamental e o exercício desse pressuposto é o que vai amoldando o exercício do nosso livre arbítrio e fazendo com que os nossos princípios morais sejam a resultante dos ditames de nossas consciências.
O exercício da nossa liberdade, no entanto, deve ser praticado até os limites da liberdade de nossos semelhantes. Assim foram convencionados os nossos Estados de direito e assim nos portamos em sociedade onde todos podem exercer os seus mais lídimos direitos se ir e vir, de falar, de manifestar-se e de exigir daqueles que têm a obrigação de bem servir.
Nosso sistema de Estado nada mais é que um grande condomínio onde estabelecemos a figura de um síndico, que é o nosso governante, e todos contribuímos em forma de dinheiro para que essa grande organização ande e possa satisfazer a todos os seus condôminos que somos nós, o povo, e cujo condomínio é o Estado.
Cada vez mais estamos sendo exigidos por esse grande condomínio, onde sempre mais e mais estamos sendo espoliados, explorados e esfolados por essa fome voraz de cada vez mais contribuirmos sob a forma de impostos.
Nossas contribuições para esse grande condomínio aumentam de forma geométrica, cuja última espoliação veio sob forma de aumento do imposto sobre cerveja, refrigerantes, águas e demais bebidas frias.
Pois bem, o retorno disso tudo deveria vir sob forma de bem servir aos contribuintes, mediante a contrapartida dos serviços essências, para que nós, o povo, tivéssemos o mínimo de conforto e bem estar.  Pois bem, aqui vivemos em comunidades de pequeno porte que não exigem grandes investimentos como é o de grandes metrópoles. Aqui nos satisfazemos com o pouco ou com o estritamente necessário. Com pouco ficamos satisfeito. Com o mínimo demonstramos nossa satisfação e com os restos passamos a bajular aqueles que nos lançam as migalhas.
Esse é o exato retrato do tratamento que temos dos políticos regionais que deveriam ter a obrigação de bem cuidar das obrigações do Estado para com os cidadãos da nossa região. Certos Órgãos aí estão para servir de grupelhos para atender única e prioritariamente aos interesses políticos-partidários, esquecendo-se do fim maior que é o de servir ao interesse coletivo e realizar os serviços essenciais e urgentes da nossa comunidade regional. Exemplo dessa desvirtuação das suas finalidades e razão de ser são as SDRs - Secretarias de Desenvolvimento Regional - e mais especificamente a de Videira. O abandono da Rodovia Estadual que liga Fraiburgo a Videira é o retrato maior desse desleixo, dessa pouca vergonha e desse escárnio lançado contra nós, o povo. Desse povo que entrega seu imposto para que sejam realizadas essas obras, entanto esses mesmos impostos são desviados para pagamento a poucos apaniguados serviçais de políticos com interesses partidários,deixando ao léu os interesses coletivos.
Estou envergonhado de transitar nessas vielas esburacadas de uma região de trabalhadores de primeiro mundo com serviços públicos incompetentes, desleixados e desinteressados. Está na hora que os responsáveis por esses serviços públicos saiam de suas salas refrigeradas, de suas poltronas macias e vejam as necessidades prementes da população. Está na hora de resolver extirpar essas usinas de desastres, esses buracos vergonhosos, essas pistas asfálticas miseráveis que deixam transeuntes à beira do caminho com rodados e pneus inutilizados, gerando prejuízos, provocando acidentes e trazendo lágrimas. Faz-se necessário tomarmos consciência de nossos direitos e passarmos a exigir daqueles que sãos os responsáveis o cumprimento das suas obrigações sob pena de os responsabilizarmos pelas suas desídias.
Está na hora de começarmos abrir a boca e tocarmos o trombone para que todos nos ouçam que são os responsáveis, que são ineficientes, que são incapacitados para o exercício do múnus publico e exigirmos a suas exclusões do serviço publico. Chega de incompetentes, de ineficientes e de relapsos.

publicado no jornal O CATARINENSE - ano XI - nº 516 - 22.04.2011.

domingo, 3 de abril de 2011

GOVERNADOR COLOMBO – Um desafio e uma esperança.

A história dos governos remonta desde os primórdios dos tempos em que o “homo sapiens” vivia nas cavernas e lá exercia o seu poder de mando para sua sobrevivência e dos seus. “Esse “dos seus” nada mais era que os que os temiam, os que obedeciam suas regras embora não predeterminadas, mas regras. Assim era um governo porque existia alguém que organizava, que liderava e que mandava, ou seja existia uma hierarquia, embora fosse a do medo, a do mais forte a do que detinha a força. Com o passar dos tempos esse poder de mando foi se aperfeiçoando, passando pelos feudos que nada mais eram que os mesmos mandos, os mesmos poderes absolutos mas um pouco melhorados em face dos sentimentos religiosos e outros mais transcendentais às verdades materiais.
A Democracia já é o aperfeiçoamento do exercício do poder, cujo início aconteceu com antigos povos gregos, onde, grandes pensadores fizeram prosperar e desenvolver a arte de bem pensar, onde o tratamento das doenças teve o seu grande berço, onde o direito viu seu nascedouro, onde a filosofia teve seu alvorecer, enfim, foi na antiga Grécia que a humanidade começou a ver o luzeiro do seu diferencial com os demais animais que habitavam a terra.
Os grandes pensadores da época passaram a discutir as formas de governo, surgindo daí a palavra “democracia” cujo nascedouro é das palavras gregas “demo” e “kracia” que, respectivamente, significam povo e governo. Essa mesma democracia teve seu embrião com os pensadores gregos, no entanto, na própria Grécia antiga o seu exercício era muito restrito, incipiente e destituído do princípio fundamental da máxima que a Democracia é uma forma de governo “do povo para o povo”.
A definição hodierna também é que a Democracia é uma forma de governo do povo e para o povo.
No Brasil, graças a Deus, os fundamentos democráticos, que são a base de um país livre, assim dizem em seu parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Brasileira: “Todo o poder emana do povo...”
Esse princípio democrático, sem dúvida é o melhor sistema de governar porque, fundamentalmente, exige o respeito às individualidades, à liberdade incondicional, no entanto, de seu bojo resultam as corrupções que campeiam nossos meios políticos, os atos mesquinhos do submundo das negociatas às custas do erário público. A corrupção deslavada e rejeitada pela opinião pública é a grande arma que fere mortalmente nossa moral e nossos desejos de sermos bons, de sermos justos e de sermos perfeitos.
Nessa semana participei de um jantar/palestra, na cidade de Lages, promovido pela ACIL – Associação Empresarial de Lages – com o Governador João Raimundo Colombo.
Confesso que fiquei satisfeito com sua eleição, no entanto, um tanto cético quanto a melhoria do quadro político estadual devido ao emaranhado de partidos políticos aos quais esse jovem Governador está compromissado.
Estive presente ao evento – ouvi atentamente ao seu empolgado pronunciamento expresso num linguajar simples, de fácil entendimento e dito com o coração. Confesso que saí com enormes esperanças de que algo poderá acontecer para começar a mudar e para melhorar a política catarinense.
Sua definição de pedir um prazo de cento e vinte dias para analisar o governo em suas entranhas, onde disse que o staff governamental está dialogando com todos os órgãos, conversando com todos, tudo analisando. Sua definição para após esse período percorrer todas a SDRs e todos os Secretários, Governador, Responsáveis pela Administração pública analisar “in loco” cada hospital, cada presídio, cada Órgão, conversar com os operadores da máquina pública. O grande mote desse dinâmico Governador é levar a cada funcionário público o pedido encarecido do “bem atender” e que cada um trabalhe com o coração. Quer o Governador acumular reservas agora para quando começar a investir em Santa Catarina, o seja bem investido. Investir no que é prioritário para o bem comum. Investir mantendo o equilíbrio entre as regiões, investir abandonando definitivamente com a “politicalha” das benesses e dos interesses fisiológicos partidários. Culminou o Governador em afirmar que é de conhecimento público que todos os partidos políticos enfrentam os mesmos problemas da desconfiança do eleitor.
Confesso que voltei a entusiasmar-me com a possibilidade de termos uma gestão governamental realmente voltada para o que é prioritário para Santa Catarina, por uma governança no Estado extirpada dos interesses particulares dos que mais podem, dos apaniguados e dos que detêm os feudos de votos de obrigação, de favores promíscuos e de mazelas inaceitáveis. Torço muito para que esse nosso Governador faça jus à honradez de sua palavra de homem sério que sempre foi, de político afinando com as coisas do interesse comum e das coisas sérias. Se assim o fizer marcará história na política Catarinense. A minha dúvida ainda persiste porque não sei se seu poder de fogo será suficiente para romper os interesses eminentemente políticos das camarilhas que o cercam. Tenho dúvidas se terá forças suficientes para eliminar esses projetos criados para sustentação de campanhas eleitorais travestidos de Órgãos descentralizados. Espero que minhas dúvidas não tenham razão de ser. Siga em frente Governador seu desafio é enorme mas confiamos em sua mão forte e em seu coração vibrante.   

publicado no jornal O CATARINENSE - ano XI - nº 514 - 08.04.2011.