Em meados do século XIX Gioachino Rossini, festejado
compositor italiano, brindou o mundo com uma das pérolas clássicas da música
mundial – A DANÇA – uma tarantela napolitana que até hoje enleva nossas almas.
É nos finais de semana – ao final dos dias de sábado
– aqueles dias de um frio lá fora – no entanto, aqui dentro, no aconchego de
nossos lares, aos poucos vamos nos envolvendo pela suave música dos velhos e
maravilhosos discos de vinil, antigos mas ainda virgens nas suaves agulhas de
nossos aparelhos impecavelmente conservados. Daí é que extraímos a pureza do
som de todos os instrumentos que compõe aquelas obras musicais que tanto nos
alentam em nossas solidões para uns, nossos amores para outros e as mais doces
lembranças para uns terceiros.
Sim, como é bom nesses dias de frio, confortavelmente
aninhados naqueles cadeiras de assento macio, revestidos de nossos quentes
mantos, olhando o crepitar do fogo de uma lareira que aí está para distribuir o
calor que insiste em nos envolver, abraçando-nos para afugentar o frio
dolorido.
Como é bom, estarmos na penumbra somente afugentada
pelos claros raios daquele fogo que nos aquece e nos convida a sorver aquele
vinho, cabernet, quiçá carmenere ou Shiraz, ainda, merlot. - Tudo muito bem;
tudo muito bom - cenário completo,
faltando somente duas participações essenciais – uma agradável companhia e uma
música apropriada.
A música nos induz à felicidade de espírito, essa
felicidade nos conduz à dança e a dança é apoteose final do conjunto – música/dança/felicidade.
A Dança, de Gioachino Rossini, num crescendo, eleva
nossas almas num êxtase que passamos a nos concentrar nos suaves acordes dos instrumentos de cordas,
no vibrante dos metais e no conjunto melódico da obra que tem a capacidade de
afugentar as mágoas dos corações amargurados e trazer a felicidade para as
almas receptivas ao amor.
A dança realmente é uma das artes mais completas e
condutora dos fluidos geradores da felicidade.
Na cidade de Curitiba, onde constantemente estou para
atender a compromissos profissionais, médicos, familiares e de amizades, nos
dias atuais está acontecendo um fenômeno, em meu parco saber, extremamente
interessante em relação a dança e a felicidade das pessoas.
Por toda a cidade espalham-se locais destinados à
dança e ao entretenimento de casais românticos, por apaixonados e pessoas separadas,
viúvas e sós. Vários restaurantes de ótimo padrão de comensais instalaram
maravilhosas pistas para dança, com músicas apropriadas para o romantismo.
Clubes e salões passaram a promover bailes lindos e com orquestras repletas de
glamour com o único objetivo da realização de bailes onde os casais, abraçadinhos,
rodopiam pelas pistas – o cavalheiro conduzindo a dama – olho no olho – classe
com classe – paixão com paixão.
Realmente percebe-se que o romantismo voltou habitar nos
corações dos casais e o amor está na berlinda das paixões.
O inusitado nisso tudo é que empresários ligados a
dança perceberam o enorme nicho que aí estava a ser explorado e a grande
quantidade de mulheres que vivem sozinhas e que afluíam para esses locais para
dançar. Esses empreendedores resolveram constituir empreendimento de “Personal Dancer”, ou seja, esses
empresários, com inúmeros bailarinos meticulosamente preparados – otimamente
vestidos – perfumados com classe – colocam-se à disposição das mulheres para a
dança. Comparecem aos bailes, previamente acertado com os promotores dos eventos.
A mulheres lá presentes não mais precisam esperar pela boa vontade dos homens
para dançar, simplesmente contratam um ou mais bailarinos para dançar com elas,
A mulher vai ao caixa, escolhe o bailarino e com ele dança por uma, duas, três
ou mais horas, dependendo do tempo por ela contratado. Duas mulheres podem
contratar um bailarinos o qual reveza com as mesmas as danças.
Além do fato das mulheres ter com quem dançar, sabem
que terão a sua disposição alguém que dança muito bem e, ao mesmo tempo, evitam
dançar com homens já bebuns, transpirando de forma pouco condizente e, mesmo
evitando aqueles que ao final dos bailes aproximam-se com intenções outras que
não a dança.
Confesso que fico muito feliz ao perceber como o
romantismo das danças está retornando, fazendo corações mais felizes, mulheres
mais participantes no convívio com os homens e homens mas conscientes que
mulher ainda é a sua melhor companhia. Viva a dança – Viva a felicidade – Viva
o amor.