Hoje fiz a minha costumeira
visita ao meu querido filho FLÁVIO MARCELO – o meu MARCELÃO - Junto a ele rezei
o meu terço, com o mesmo rosário que sempre levo em meu automóvel. O mesmo
livreto de instruções de como bem rezar o meu terço.
Fui orando devagarinho,
compenetrado, sentido palavra por palavra em meu coração. Meu corpo tinha a
exata sensação que ele estava me acariciando bem de leve, acariciando-me com
uma mão igual a uma pena macia, quem sabe, talvez, acariciando-me com a ponta
do seu coração.
O meu fervor era tamanho que
me emocionava a cada ave-maria, cada pai-nosso .... Afinal, hoje não é um dia
comum para nós dois. Hoje é o dia do
encerramento da missão dele aqui na terra. É o dia em que Jesus disse a ele
.... Marcelo está na hora de retornares à casa do PAI ... e ele foi ... ele foi
indo, foi indo, foi indo ... indo .. indo .. e nos deixou aqui.
Hoje eu me encontrei com ele.
Fui ao seu encontro com o coração muito apertado, muito triste como sempre
acontece nesses dias e nos dias próximos ao dia 15 de Junho de cada ano. Mas
fui.
Ao chegar naquela colina,
aquele campo bem verde, muitas lápides bem floridas, mas a lápide dele e da
minha Carolina, sem dúvida era a mais bonita.
Caprichei muito nas flores novas daquele local, para mim, santo. Flores
artificias mas simplesmente maravilhosas ... a Linda caprichou .... abundantes
.... bem distribuídas. A lápide parecia uma igreja num dia de festa. Estava
linda e, acho que ele estava também muito feliz, porque ele sabe que o pai dele
aqui da terra ainda o ama demais, jamais o esquecerá.
A dor continua a mesma, ainda
mais forte, mas o que fazer, é uma cruz que devo levar comigo até o meu túmulo.
Carrega-la-ei com a serenidade dos homens solitários, dos homens que tem a dor como
estigma e a saudade como ferro de marcação.
Sabe
Naquele campo santo, lindo e
que inspira serenidade, estive pensando comigo mesmo. O que é o tempo? Como se
mensura o tempo? Após a morte o que é uma eternidade? O que é uma hora? O que
são dez anos?
Hoje fazem dez anos que o
corpo do meu filho foi embora, mas não estou conseguindo ver a diferença de dez
anos, de uma eternidade, de poucos minutos. Muitos poderão dizer que estou louco,
que estou delirando, mas só para quem passa por essa dor da perda de um filho
querido e de uma esposa igual a uma Carolina é que poderão começar a duvidar do
que é o tempo. O que na verdade é o tempo? Não sei. Não estou vendo a diferença
de uma eternidade ou de poucos minutos. A dor de uma saudade torna todos esses
tempos iguais, tudo é só um tempo, pouco representando a sua elasticidade
temporal.
Meu filho querido, estive
contigo hoje e sai daquele local maravilhoso como se estivesse planando no
espaço, sentindo a brisa do vento em meu coração. Sentindo o sussurrar de tuas
palavras doces. Sentindo teu coração tocando o meu coração. Sentindo o suave
perfume dos locais celestiais.
Sei meu filho que hoje
completas dez anos nesse novo plano que, em minha crença religiosa, chama-se
céu. Parabéns, viu meu filho, DEUS TE ABENÇOE SEMPRE, como faço sempre questão
de dizer aos meus filhos, irmãos, netos e outros. Esse meu coração já está
alquebrado pelo setentinhas, pela tua e pela ausência de tua mãe, mas continuo
cercado de muita gente que me quer muito bem. Estou bem meu filho. DEUS TE
ABENÇOE.